Hoje os assessores e as agências de comunicação exercem uma enorme pressão de agendamento e de cobertura mediática com técnicas apuradíssimas, sendo, por vezes, muito difícil perceber onde se interrompe uma profícua mediação e começa uma intolerável manipulação. Há também aqueles que fazem chegar às redações as suas mensagens em formato (pseudo) jornalístico, procurando que esses conteúdos sejam publicados integralmente assim. Os jornalistas ficam próximos do estatuto de "copy-paste" ou de pé de microfone.

Esta é uma ideia que anda por aí. Cola bem com a história de um lado negro da comunicação, de gente má que ganha a vida a manipular jornalistas, e cola ainda melhor com a necessidade de arranjar alibis para o estado lastimável de boa parte do jornalismo actual.
Mas esta é também uma ideia na qual naufraga o jornalismo.
O jornalismo é, por definição, um campo de batalha. De ideias, de pessoas, de interesses.
É natural - qual quê? é saudável - que nele desaguem todo o tipo de pressões, legítimas e ilegítimas - é da natureza humana... - e compete, precisamente, ao jornalismo organizá-las, hierarquizá-las, dispensá-las.
Não entendo o que pensam, ou querem, os jornalistas que afirmam ou subscrevem frases como aquela.
Redacções assépticas, imunes ao mundo? É que não sei se já repararam, mas o mundo - a vida... - é uma selva. O tal campo de batalha, do qual o jornalismo é suposto fazer eco.

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