a conferência de um extremista é cancelada, devido a um misto de fanatismo e ingenuidade de uma associação de estudantes e da direção de uma faculdade. esse foi o erro.
nos dias que se seguiram, os mais ilustres comentadores de esquerda envolveram-se numa operação (inorgânica...) desculpabilizadora do gesto original e diabolizadora dos extremistas. os quais, na verdade, se limitaram a aproveitar o palco que lhes deram.

em duas sessões seguidas no parlamento. primeiro-ministro e líder da oposição envolvem-se num debate político acalorado, mas dentro das regras normais para qualquer parlamento. no plano da pura retórica.
nos dias que se seguiram - e embalados pela críticas, também elas perfeitamente banais, da esquerda a um órgão de fiscalização das finanças públicas -, comentadores de direita, em especial o coro negro do observador, envolveram-se numa operação acusadora do primeiro-ministro e denunciadora de um alegado clima de autoritarismo.

dois episódios, de sinal ideológico contrário, bem demonstrativos de que a verdade é uma coisa muito flexível que pode ser moldável ao gosto de cada um. e que, a todo o momento, pode assumir um perfil exatamente inverso ao inicial.
ou seja, estamos sempre no campo da pós-verdade, uma coisa bem mais antiga e transversal do que muitos imaginam.

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